quinta-feira, 8 de junho de 2017

MUDANÇA

MUDANÇA


Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!

***Texto de Clarice Lispector

quarta-feira, 10 de maio de 2017

O SIGNIFICADO DA PAZ

Um rei que ofereceu um prêmio ao artista que pintasse o melhor quadro que representasse a paz. Muitos artistas tentaram. O rei olhou todos os quadros, mas apenas gostou mesmo de dois, e teve de escolher entre ambos.
Um quadro retratava um lago sereno. O lago era um espelho perfeito das altas e pacíficas montanhas a sua volta, encimado por um céu azul com nuvens brancas como algodão. Todos os que viram este quadro acharam que ele era um perfeito retrato da paz.
O outro quadro também tinha montanhas. Mas eram escarpadas e calvas.
Acima havia um céu ameaçador do qual caía chuva, e no qual brincavam relâmpagos. Da encosta da montanha caía uma cachoeira espumante. Não parecia nada pacífica.
Mas quando o rei olhou, ele viu ao lado da cachoeira um pequeno arbusto crescendo numa fenda da rocha. No arbusto uma mãe pássaro havia feito seu ninho. Lá, no meio da turbulência da água feroz, se instalara a mãe pássaro em seu ninho * em perfeita paz.
Qual pintura você acha que ganhou o prêmio?
O rei escolheu a segunda
Sabe por quê?
"Porque," explicou o rei, "paz não significa estar num lugar onde não há barulho, problemas ou trabalho duro.”
Paz significa estar no meio disso tudo e ainda estar calmo no seu coração. Este é o significado real da paz.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Cultura de Paz e Sustentabilidade: o desafio da educação contemporânea!


Cultura de Paz e Sustentabilidade: o desafio da educação contemporânea!

Cultura de Paz                                                                                
“As guerras mundiais foram a forma com que a humanidade comemorou o fracasso da educação.” assim dizia a escritora Alice Bailey. Nessa perspectiva a humanidade se uniu logo após a segunda guerra e criou a Organização das Nações Unidas – ONU, a maior obra de engenharia política construída pela humanidade para promover a paz, naquela época alicerçada pelos Direitos Humanos.
O Brasil é membro da ONU. E o que isto significa? Cada vez mais há consenso nas decisões da ONU de que os países membros devem implantar o pensamento global em suas nações, adotando medidas internas que possam sustentar a decisão global. Aquela famosa máxima: PENSAR GLOBAL E AGIR LOCAL.
Com o passar dos anos a ONU percebeu que todos os seus esforços para trazer a paz para o mundo esbarravam numa cultura de violência, e então veio a pergunta: como trazer a paz para uma cultura violenta? Observa-se que a área urbana já matou mais do que as duas guerras juntas.
Mudar uma cultura só é possível através da educação, preparar as gerações de época em época até alcançarmos a paz. Portanto é necessário trazermos a cultura de paz, para que a paz seja alcançada. Quando falamos de cultura, estamos falando de semeadura, ou seja, nós devemos estar o tempo inteiro em todos os setores da vida cultivando a paz, para que ela se torne uma realidade. Nasce assim o que se chama CULTURA DE PAZ. Esse termo foi cunhado pela UNESCO – agência da ONU dedicada à Ciência, Educação e Cultura, que, em 1996 reuniu as personalidades laureadas pelo Prêmio Nobel da Paz para escrever princípios que pudessem estimular a criação da cultura de paz, e mais, que esta criação não ficasse restrita aos governos, mas que fosse difundida a todos os cidadãos que queiram cultivá-la em seus países.
Nessa perspectiva, no ano 2000 foi lançado o MANIFESTO 2000 que apresentava os seis princípios que foram aprovados por unanimidade na ONU, a saber:
  1. Respeitar a vida
  2. Rejeitar a violência
  3. Ser generoso
  4. Ouvir para compreender
  5. Preservar o planeta
  6. Redescobrir a solidariedade
Os países membros foram, então, coletar assinaturas da população e o Brasil ficou em segundo lugar, depois da Índia, no pódio do compromisso mundial com a cultura de paz. Em seguida a ONU decretou a Década Internacional de Cultura de Paz e Não-Violência, com ênfase nas crianças do mundo (2001-2010). Uma oportunidade histórica para os países se dedicarem à Cultura de Paz. O Brasil realizou muitas iniciativas como: criação de Conselhos de Cultura de Paz dentro da esfera pública; Universidade Aberta de Cultura de Paz; programas e projetos de cultura de paz concretizados por escolas; fóruns; livros. E assim o país espalhou sementes por todos os lugares.
Mas então vem a pergunta: terminou a Década, vamos parar de fazer cultura de paz? Essa é uma pergunta que não cabe para aqueles que sabem o significado da educação para mudar uma cultura. Portanto, o recado é simples: para aqueles que já vêm fazendo cultura de paz, renovem sua abordagem, e aqueles que ainda não estão atuando, chegou sua hora, pois cultura de paz não é algo estático, é para quem sabe que cultivar a paz não tem preço, para quem trabalha incansavelmente por um mundo melhor e ama as futuras gerações, sempre alicerçados na educação.

http://www.somostodosum.com.br/artigos/corpo-e-mente/cultura-de-paz-12173.htmlCultura de Paz
http://www.somostodosum.com.br/artigos/corpo-e-mente/cultura-de-paz-12173.html